Porto de Leixões tem plano de investimento de €700 milhões
Fazer um novo terminal para cruzeiros fluviais no Douro é um dos projetos em cima da mesa
(FOTO RUI DUARTE SILVA)
A tecnologia é uma das apostas do novo presidente da APDL, Nuno Araújo
O Douro vai ter um terminal de cruzeiros. O projeto da APDL - Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo assentará numa plataforma de 25 mil metros quadrados na marginal de Gaia, em cima do rio, e está a ser pensado como um espaço multifunções, pronto a receber 12 navios em simultâneo e dar resposta às necessidades do mercado. "Será um espaço multifunções, que também poderá receber eventos, tal como acontece no terminal de cruzeiros de Leixões. Nesta fase, estamos em conversações com a Câmara de Gaia e com outras entidades e os pormenores ainda estão a ser definidos, mas o estudo de impacto ambiental está a ser feito e a ideia é termos também lojas e restauração", adianta ao Expresso o novo presidente da APDL, Nuno Araújo. Somando todos os projetos em diferentes fases para a próxima década, a APDL tem em cima da mesa planos de investimento público de €700 milhões.
Para o Douro, há €100 milhões direcionados ao novo terminal, à reconversão de eclusas e ao alargamento do canal de navegação nos troços Cotas-Valeira e Saião-Pocinho. Em Viana do Castelo, a par da dragagem do canal de acesso aos estaleiros, que contempla um investimento público de €18 milhões, está previsto o reforço do quebra-mar. Leixões absorve a maior fatia.
O foco está no aumento da capacidade do porto e dos seus terminais, mas os trabalhos também incluem outras frentes, como a segurança, a ferrovia, a tecnologia e a redução da pegada ecológica. Nuno Araújo, que foi chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, quando este era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, sabe que o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, de António Costa Silva, defende o reforço da capacidade portuária. Sabe também que os €15,3 mil milhões em subvenções do novo fundo de recuperação aprovado por Bruxelas para Portugal abrem uma janela de oportunidade a estes investimentos.
A prioridade é adaptar Leixões à procura de navios maiores. "Hoje, Leixões recebe apenas 40% da frota mundial. Com estes investimentos poderá chegar aos 70%", diz. "E a capacidade do porto no segmento da carga contentorizada duplica, para os 1,5 milhões de TEU [medida-padrão utilizada para calcular o volume de um contentor] ", acrescenta. Assim, a extensão do quebra-mar em 300 metros, orçada em €147 milhões, promete aumentar a segurança para quem escala o porto e trazer a Leixões navios maiores até ao final de 2023. Para o novo terminal de contentores, que vai ficar na zona do atual terminal multiusos, estão previstos mais €200 milhões, de forma a aumentar a área de terrapleno (16 hectares) e oferecer uma linha de cais para navios maiores (14 metros de calado).
Ao mesmo tempo, a APDL olha para a ferrovia, que hoje responde por 10% do movimento de mercadorias em Leixões e que dentro de cinco anos deverá duplicar esta capacidade. Vai comprar dois rebocadores, que emitem menos 80% de gases de efeito de estufa. Quer renovar a frota interna de 40 camiões, para privilegiar soluções elétricas ou a hidrogénio. Está pronta a replicar o projeto-piloto implementado no Cais do Leverinho (Gondomar), noutros cais do Douro e em Leixões, para que os navios fiquem ligados à rede de energia elétrica depois de atracarem. "Temos de ser menos poluentes para continuar a crescer sem aumentar a pressão ambiental na região", justifica Nuno Araújo.
Na frente tecnológica, a par do investimento em simuladores para o seu centro de formação, a APDL terá o primeiro data center tier 3 público. Garantir a segurança, disponibilidade e autonomia da informação tratada e da gestão do porto são os argumentos para este investimento de €3,5 milhões, em que Leixões espera ter outros portos e mais empresas como parceiros/clientes.
Margarida Cardoso
Agosto 2020